Era chegado o dia do debate. Masachika e Alisa estavam se dirigindo para a entrada dos fundos, que levava ao palco do auditório onde estariam debatendo, quando de repente se depararam com a adversária.
"Oh, ei."
Sayaka fez uma reverência fria antes de entrar imediatamente no auditório, mas a aluna atrás dela respondeu de forma amigável:
"Ei, Kuze! Tipo, faz tempo que não nos vemos. Boa sorte lá fora... Espere. Acho que eu não deveria estar lhe desejando boa sorte, não é?"
"Como você pode estar tão relaxada?"
"Quero dizer, não é como se eu tivesse que dizer alguma coisa durante o debate, então com o que devo me preocupar?"
A aluna, cujos cabelos loiros ondulados estavam presos em um rabo de cavalo lateral alto, acenou casualmente com a mão. Sua maquiagem era agressiva, mas sutil o suficiente para manter os professores longe dela. Seu uniforme escolar era usado de forma um tanto casual e seu estilo chamativo, exclusivo do Instituto Seiren, era equivalente ao que você chamaria de versão japonesa de uma patricinha. Ela desviou o olhar para Alisa, que ficou paralisada, pois nunca havia conversado com alguém como ela antes.
"Acho que esta é a primeira vez que conversamos. Sou Nonoa Miyamae, a parceira de Saya."
"Ah... eu sou Alisa Kujou. Vamos ter um bom debate."
"Ha-ha-ha. Você é tão séria. Você e o Sacchi podem realmente se dar bem.", disse Nonoa, rindo de forma descontraída. "De qualquer forma, estou ansiosa por isso. Até mais tarde!", acrescentou ela antes de entrar no auditório.
"Aquela era a parceira de Taniyama? Ela era..."
"Sim, elas não são nada parecidas, pelo menos em termos de aparência. Uma é uma aluna de elite sem noção e a outra parece uma fashionista descontraída... o que ela é, mas aparentemente usa essa aparência espalhafatosa a seu favor e trabalha como modelo."
"Ela é modelo? Isso não é contra as regras da escola?"
"Bem... é o outdoor da empresa dos pais dela, então isso aparentemente faz com que haja algum tipo de brecha nas regras."
"A propósito, tenho me perguntado isso desde que a vi, mas o cabelo dela..."
"Ah, isso? Ela é loira natural. Sua avó era dos Estados Unidos, eu acho."
"Ah..."
Embora entendesse o que ele estava dizendo, Alisa ainda parecia confusa com alguma coisa.
"Essas duas cresceram juntas. Embora pareçam e ajam de forma diferente, na verdade são boas amigas", acrescentou Masachika.
"Ah, então é por isso..."
"Mas não se engane. Ela não se tornou parceira da Sayaka só porque elas são amigas de infância. Nonoa já estava no topo da casta da escola sem a ajuda do conselho estudantil e ela tem uma ampla rede de contatos. Ela pode até ter a maior rede de contatos desta escola."
"Ela definitivamente seria uma ameaça durante a corrida, então."
"Mas você não precisa se preocupar com ela hoje. Concentre-se apenas na Sayaka."
"Sim, você está certo. Vou me concentrar."
Masachika soltou um suspiro de alívio depois que Alisa aparentemente tirou o pensamento de Nonoa de sua mente.
"Enfim, pronta para ir?", perguntou ele.
"Estou pronta."
E, sem mais nem menos, eles entraram no auditório, marchando em direção à batalha final.
"Uau. Este lugar está lotado. Pelo menos metade dos alunos que não estão em um clube está aqui."
"Este é o primeiro debate do ano letivo. Além disso, a Sayaka Taniyama desafiou a Alisa Kujou entre todas as pessoas. Não é surpresa que tantas pessoas tenham comparecido."
Apesar de estar tão perto da semana de provas, Takeshi e Hikaru chegaram no auditório dez minutos antes do debate e ficaram surpresos com a enorme multidão. Eles olharam em volta e descobriram que quase não havia mais assentos. Na verdade, provavelmente alguns alunos teriam que ficar de pé para assistir a esse ritmo.
"A Taniyama não se candidatou a presidente do conselho estudantil há algum tempo? Acho que ela foi a última oponente da nobre princesa, se bem me lembro."
"Sim, muitas pessoas pensaram que ela tinha uma chance de se tornar a próxima presidente, mas ela acabou perdendo para Yuki."
"No entanto, Taniyama nunca perdeu um debate, certo? Quem sabe o que teria acontecido se elas tivessem tido um debate final antes da eleição?"
"Nunca saberemos, não é? Mas achei muito legal da parte dela tentar resolver as coisas na eleição em vez de tentar confiar apenas em suas habilidades de debate para vencer."
"Você votou no Suou, sabia?"
"Isso não significa que eu não possa admirar a rival."
Eles estavam andando pelo corredor em busca de dois assentos vazios quando ouviram alguns outros alunos conversando. Adolescentes de várias origens e de todos os níveis de ensino estavam especulando quem venceria e discutindo como se sentiam.
"O que você acha do assunto?"
"Uh... Realmente não tem nada a ver com a maioria de nós, mas, bem, tenho certeza de que ela veio preparada e pronta para matar."
"O que você acha da aluna transferida? Eu realmente não sei muito sobre ela..."
"Penso o mesmo. Tudo o que sei é que ela tem boas notas. Será que ela sabe debater?"
"Mas sinto que conheço aquele tal de Kuze de algum lugar..."
"Esse não era o sobrenome do cara que era vice-presidente quando Yuki Suou era presidente? Eu também não sei muito sobre ele."
"Oh, acho que você está certo... Espere. Então por que ele está com aquela aluna transferida agora?"
A maioria das pessoas estava falando sobre Sayaka, mas havia alguns comentários sobre Alisa aqui e ali. Masachika, por outro lado, não era digno de menção na maior parte do tempo.
"Parece que estamos em um jogo fora de casa."
"Bem, apenas um deles é conhecido por debater, certo? Ei, veja. Há dois assentos livres ali."
"Ah, ótimo."
Takeshi e Hikaru se sentaram em dois lugares vazios perto do centro da fileira antes de ficarem de frente. À direita do pódio estavam Sayaka e Nonoa, com Alisa e Masachika sentadas à esquerda. Embora todos na platéia estivessem simplesmente observando, eles sentiam como se estivessem sendo misteriosamente sugados pelo olhar de Sayaka. Havia até algo de majestoso em sua aparência, pois ela se sentou ereta com os olhos calmamente fechados, como se estivesse meditando.
"Ela está realmente em seu apetite máximo. Acho que não podem vencê-la. Na verdade, só consigo imaginar nosso rapaz perdendo."
"No entanto, Masachika está extremamente calmo. Mas como será que Kujou está se sentindo? Afinal, é ela quem vai falar a maior parte do tempo."
"Sim, geralmente os candidatos a vice-presidente só fornecem algum apoio. Não podemos permitir que eles roubem a cena dos candidatos à presidência. Mesmo que o candidato a vice-presidente falasse e ganhasse o debate para eles, isso acabaria fazendo com que o presidente ficasse mal visto."
"Estou preocupado... A Kujou não parece estar acostumada a falar na frente de pessoas... muito menos com tantas."
"Certo? No mínimo, ela terá que ser capaz de expor seus pontos de vista sem tropeçar em suas próprias palavras."
Eles observaram Alisa com olhares preocupados, mas ela continuou virada para a frente, sem mostrar nenhum sinal de que estava sendo encarada. Seus olhos azuis estavam tranquilamente fixos no pódio deserto, sem qualquer sinal de hesitação ou ansiedade...
‘Há... tantas pessoas... Minha garganta está tão apertada... Será que vou conseguir falar?’
Mas, na verdade, ela nunca havia ficado tão nervosa em sua vida. É claro que o fato do futuro deles depender desse debate era parte do motivo, mas também seria a primeira vez que ela expressaria sua opinião na frente de tantas pessoas. Embora Alisa fosse uma pessoa de opinião forte, ela nunca se impôs de fato. Ela nunca esperava nada de ninguém e, por isso, quase nunca achava necessário argumentar sua posição. Nunca tentou influenciar ninguém com sua opinião e, por sua vez, nunca deixou que a opinião de ninguém a influenciasse. Essa era sua postura na maior parte do tempo. No entanto, o que era necessário para ela agora era o poder de influenciar os outros. O poder de convencer as pessoas a escolherem ficar do seu lado. Essa era uma habilidade que ela considerava desnecessária até o momento.
‘Será que vou conseguir fazer isso? Ou será que minha opinião será ignorada mais uma vez?’
Alisa lembrou-se de como, ainda outro dia, o time de futebol e o time de beisebol haviam discutido e derrubado todas as ideias que ela teve. As pontas de seus dedos começaram a ficar brancas. Ela se sentiu mal. Suas pernas ficaram dormentes. Seus pés no chão duro do palco pareciam estar pisando em borracha.
"Alya."
Ela se virou para o lado, quase como se estivesse desesperada pela ajuda dele e se sentiu extremamente grata por ter a chance de desviar o olhar da multidão.
"O quê?"
Surpreendentemente, sua bravata se manteve e sua voz não tremeu. A própria Alisa não tinha certeza se conseguiria fazer isso. Embora ela se voltasse para ele de vez em quando, até mesmo o olhar sério dele a estava deixando nervosa hoje.
‘Kuze está muito relaxado. Tenho que me controlar. Fui eu que me inscrevi para isso e não quero decepcioná-lo. Relaxe. Respire fundo... Continue respirando fundo…’
Alisa tentou respirar fundo, mas sua garganta, seus pulmões não a ouviam. Ela tremia de nervosismo enquanto o sangue lentamente se afastava de suas mãos e pés.
"Alya..."
"Kuze..."
Ela não estava mais conseguindo se mostrar ousada. Sua voz desesperada se esforçou pateticamente. Ela estava à beira das lágrimas, mas, por algum motivo, teve que se segurar. Ela sentiu que sua cabeça ia explodir quando...
"Você realmente tem peitos tamanho E?"
"Quê?"
Foi uma pergunta tão aleatória e maluca que Alisa não conseguiu processar o que ele havia dito. Somente quando Masachika olhou para seu peito é que ela finalmente entendeu. Por reflexo, ela levantou os braços para se cobrir quando, de repente, se lembrou de onde estava e parou.
"Seu canalha! O que há de errado com você?!"
Ela tentou manter a voz o mais baixa possível quando o criticou, mas Masachika imediatamente lançou um olhar extremamente sério para a plateia.
"Eu estava pensando, não posso fazer nada estranho na frente de todas essas pessoas... Mas foi aí que percebi que também não poderia levar um tapa por nada e não havia para onde você correr."
Ele abriu um sorriso, depois voltou o olhar para Alisa com uma expressão estranhamente serena.
"Eu pensei... 'Espere... eu posso ser um canalha e não há nada que ela possa fazer a respeito?'"
"Vá pro inferno."
"Heh-heh-heh. Nem em seus sonhos mais loucos eles poderiam imaginar a conversa imunda que estamos tendo aqui em cima."
"Eu realmente espero que eles não estejam tendo nenhum sonho remotamente semelhante."
"Heh... Então, qual é a cor da calcinha que você está usando hoje, mocinha?"
Masachika perguntou com uma voz de desenho animado e repulsiva, mas com uma expressão séria.
"Ops… Tsk!"
Alisa se pegou levantando a mão para dar um tapa nele por reflexo, depois soltou um suspiro exausto. Ela estava começando a se perguntar se tinha feito a escolha certa ao se juntar a alguém como ele.
"Você poderia se sentir pelo menos um pouco nervoso?"
"Vamos, Alya. Eu estou nervoso. Ah, ei! Encontrei o Takeshi e o Hikaru na platéia. Ei!"
"Onde? Espera!"
Ela prontamente agarrou o pulso dele enquanto ele acenava para os amigos e o forçou a voltar para o colo, depois olhou com firmeza para a expressão despreocupada dele.
"Você poderia parar com isso, por favor? Estou falando sério. Você está me envergonhando."
"Não se preocupe. Prometo que estou muito mais envergonhado do que você neste momento."
"Então, por favor, comece a agir como tal."
"E-suas mãos são tão grandes e fortes... Ahn... Por favor, pare de olhar nos meus olhos com tanta paixão. Você está me fazendo corar..."
"..."
"Ah, o velho desdenho, não é?"
Alisa soltou o pulso dele e desviou o olhar.
"Awww. Alya, vamos lá", brincou ele, como se não estivesse levando nada disso a sério. “Eu só estava tentando aliviar um pouco o clima porque você parece muito nervosa."
"Eu… Não estou nervosa", respondeu ela sem rodeios.
"Tem certeza? Porque você ainda parece um pouco rígida.", acrescentou Masachika com ceticismo, examinando o perfil dela.
Sua aparência havia melhorado consideravelmente, mas ainda parecia que ela estava se estressando demais. Depois de expirar brevemente, Masachika falou mais uma vez, mas com um tom sério e mais suave.
"Você não precisa esconder que está nervosa. Quem não ficaria nervoso em seu primeiro debate? Na verdade, eu me sentiria melhor se você admitisse isso. Tipo: 'Posso estar nervosa, mas vou fazer tudo o que puder para vencer'."
"Não vou dizer isso."
"Sim, acho que eu deveria ter imaginado isso."
‘Alisa nunca daria desculpas para si mesma dessa maneira. Uma perfeccionista como ela provavelmente está planejando arrasar nesse discurso, não importa o que aconteça.'
"Alya, olhe para mim".
Masachika encontrou sua expressão cética e perguntou:
"Alya, quem é sua inimiga?"
"Taniyama... certo?"
"Não. Sua inimiga é a versão ideal de você mesma. Estou errado?"
Seus olhos vacilaram brevemente e ela assentiu.
"Você está certo. O que mais me assusta é não ser capaz de fazer o que meu eu ideal pode fazer."
"Certo? Em outras palavras, você mesma é a base para a avaliação e somente você está atrás desse pódio e falando. A plateia não é nada mais do que uma plateia. Você não terá de fazer perguntas e respostas com eles depois de falar, portanto, não importa quantos deles existem. Certo?
"Você realmente acha isso?"
Os olhos dela vagavam ansiosamente.
"Eu sei que sim.", declarou Masachika claramente, pois ele sabia que ser assertivo fazia a pessoa parecer mais convincente para as pessoas que se sentiam inseguras. "Tudo o que você precisa pensar é em agir como a versão mais legal de si mesma. Não se preocupe com nada. Se algo acontecer, eu cuidarei disso."
Alisa piscou lentamente, como se estivesse absorvendo tudo o que ele estava dizendo e depois olhou para frente com calma. Foi quando Touya, que estava atuando como presidente do debate, surgiu de repente da ala do palco.
"Kuze e Kujou. Está quase na hora. Vocês estão prontos?"
"Estou pronto.", disse Masachika antes de olhar para Alisa ao seu lado.
"Eu também estou pronta", ela respondeu calmamente enquanto olhava Touya nos olhos.
"Perfeito."
Depois de acenar firmemente com a cabeça, Touya se dirigiu ao outro lado para falar com Sayaka e verificar se elas também estavam prontas. Quando terminou, ele se posicionou atrás do pódio do presidente, no canto esquerdo do palco, e falou ao microfone:
"Agora vamos começar o debate dos alunos."
Touya esperou que a multidão agitada se acalmasse gradualmente antes de passar para as apresentações.
"Eu, Touya Kenzaki, presidente do conselho estudantil, conduzirei o debate hoje. A proponente de hoje é a aluna do primeiro ano Sayaka Taniyama, da Classe F, e ela está acompanhada por Nonoa Miyamae, uma aluna do primeiro ano da Classe D."
Quando ele se virou para elas, elas se levantaram de seus assentos e se curvaram, o que foi seguido por aplausos entusiasmados de inúmeros apoiadores na platéia.
"Sua oponente hoje é Alisa Kujou, contadora do conselho estudantil, e ela será acompanhada por Masachika Kuze, que também é membro geral do conselho estudantil."
Alisa então se curvou graciosamente e Masachika também se curvou de forma um tanto teatral. Embora sua apresentação tenha sido seguida por aplausos, eles foram esparsos e muito menos apaixonados.
"O tópico de hoje é: “Devemos incluir as avaliações dos professores ao aceitar novos membros no conselho estudantil?” Sayaka Taniyama, por favor, comece."
"Ok.", ela respondeu com uma voz bem projetada, mesmo sem microfone.
Depois de deixar seu assento, ela foi até o pódio sem nenhum sinal de nervosismo, mas parou brevemente para fazer uma reverência a Touya antes de se posicionar corajosamente atrás do pódio. Ao mesmo tempo, sua imagem foi projetada na tela grande atrás dela.
"Obrigado a todos por reservarem um tempo de suas agendas lotadas para se reunirem aqui hoje. Estaremos debatendo se devemos ou não incluir as avaliações dos professores ao aceitar novos membros no conselho estudantil. Em outras palavras, a recomendação de um professor deve ser exigida para entrar no conselho estudantil?"
Depois de examinar o público, Sayaka começou a explicar fluentemente seu ponto de vista.
"Atualmente, o presidente e o vice-presidente do grêmio estudantil têm o direito de escolher quem eles querem incluir, mas não é exagero dizer que eles permitem qualquer pessoa. De fato, depois de pesquisar os membros anteriores do conselho estudantil do ensino fundamental e médio, tanto de curto quanto de longo prazo..."
‘Você deve estar brincando comigo! Ela preparou dados para isso?’
Masachika ficou surpreso com o fato de ela ter conseguido fornecer dados numéricos como esses em um período tão curto.
‘Espere. Isso não foi obra da Sayaka, foi da Nonoa.’
Ele desviou seu olhar meio admirado, meio amargo para Nonoa, apenas para encontrá-la verificando as unhas como se esse debate não tivesse nada a ver com ela. Aparentemente, ela estava planejando ser apenas uma espectadora durante o debate.
"Acredito que agora todos vocês podem ver o que isso significa: Qualquer um pode se tornar membro do conselho estudantil, desde que se apresente como candidato. Mas vamos olhar para isso de um ângulo diferente por um momento. O Instituto Seiren é uma instituição de prestígio com tradições orgulhosas. É realmente correto que o conselho estudantil, que representa o corpo discente, aceite qualquer um que peça? Incluindo aqueles com má conduta?"
Depois de apresentar o fato objetivo, Sayaka reforçou seu tom e disse ao público:
"Acredito que somente os talentosos devem ter permissão para participar do conselho estudantil. Com certeza, todos vocês sentem o mesmo. Vocês querem alguém qualificado para representá-los e alguém que possa atuar como líder para aqueles que fazem parte de um clube da escola. Imaginem que alguém com notas piores do que as suas e má conduta entre para o conselho estudantil e imediatamente se torne uma pessoa de nível superior ao seu. Essa pessoa estará em uma posição em que poderá lhe dizer o que fazer e também será a pessoa que decidirá se você tem permissão para fazer algo ou não. Isso não parece horrível?"
Masachika reconheceu imediatamente que o público acreditava que ela tinha um ponto de vista que eles nunca haviam pensado antes.
‘Droga. Ela é boa.’
Ela conseguiu até mesmo que aqueles que não estavam interessados no assunto, por acreditarem que não tinha nada a ver com eles, começassem a ver as coisas do jeito dela. Os alunos pareciam estar se inclinando para a ideia ao qual não se importavam muito, mas preferiam alguém que se destacasse, se pudessem escolher. Era exatamente o que Sayaka estava buscando.
"É por isso que precisamos levar em consideração as avaliações dos professores. Mais especificamente, os alunos precisariam obter as assinaturas do professor responsável da sala, do diretor da escola, do orientador educacional e do diretor para poderem participar. Dessa forma, apenas os melhores dos melhores farão parte do conselho estudantil."
Depois de passar o olhar pela plateia mais uma vez, Sayaka terminou seu discurso com firmeza.
"Devemos criar um grêmio estudantil melhor com dignidade e graça! Porque vocês são importantes!... Muito obrigada a todos pelo seu tempo hoje."
A plateia explodiu em aplausos quando ela se curvou. Depois de levantar a mão e acenar para a platéia algumas vezes, ela desviou o olhar para Touya, que reconheceu o sinal e pegou o microfone.
"Iniciaremos agora o período de perguntas e respostas. Senhorita Kujou, tem alguma pergunta?"
Os olhos do público acompanharam o olhar de Touya quando ele se voltou para Alisa. Seus olhos estavam cheios de expectativas e intrigas, imaginando como a suposta aluna transferida reagiria a um argumento tão poderoso. Alisa olhou calmamente para Touya e... balançou a cabeça.
"Uh... Sem perguntas?", perguntou Touya, como se tivesse sido pego de surpresa, mas Masachika acenou com a mão como se dissesse para ele seguir em frente.
A plateia se encheu de decepção. Todos pensaram que ela havia desistido, mas na verdade Masachika havia conversado com Alisa e decidido isso desde o início. Sayaka, que era uma debatedora experiente, nunca demonstraria fraqueza durante as perguntas e respostas. Além disso, fazer a pergunta errada e receber a resposta perfeita faria com que Sayaka parecesse ainda melhor do que já era. Portanto, seria melhor não fazer nenhuma pergunta.
Demonstrar confiança e transmitir fluentemente sua opinião, especialmente depois de ouvir o que o oponente tinha a dizer, seria muito mais persuasivo. Essa foi a decisão a que chegaram.
‘Tudo está indo de acordo com o planejado até agora.’
Eles haviam previsto com precisão o que Sayaka iria argumentar na maior parte do tempo. Não havia problema algum nisso. O resto era com Alisa.
"Você está pronta para ir?"
"Sim...", respondeu Alisa calmamente.
"Então o pódio é todo seu.", disse Touya, sua voz se projetando pelo auditório.
"Obrigada.”
Sua voz calma foi estranhamente transmitida pelo auditório quando ela se levantou.
"Vá pegá-los!"
Enquanto Masachika a aplaudia por trás, ela se dirigiu lentamente para o pódio, enquanto a plateia a olhava com curiosidade... e de forma extremamente indelicada.
"Como será que ela vai tentar contornar depois disso?", alguém sussurrou.
"Ela não conseguiu fazer uma única pergunta durante as perguntas e respostas. A Sayaka está com a mão na taça."
"Eu lhe disse. Você teria que ir com a Yuki Suou se quisesse ter uma chance de vencê-la."
"Vamos lá. Vamos pelo menos ouvir o que a chamada princesa solitária tem a dizer."
"Ela pode falar depois disso? É melhor que ela não comece a chorar. É só o que eu peço."
A plateia murmurou comentários desdenhosos e zombarias. Não demorou muito para que a multidão se perguntasse como a princesa solitária iria perder, como se ela não tivesse chance de vencer, não importa o que dissesse. Chisaki, de pé na ala, ergueu as sobrancelhas como se não conseguisse mais ficar parada observando. Mas no momento em que ela tentou dar um passo à frente, Mariya a agarrou pelo pulso e a impediu. Os olhos de Mariya eram sombrios, mas amorosos. Eram os olhos de uma mulher que acreditava em sua irmã. Enquanto isso, Alisa não se dava conta da multidão porque estava concentrando tudo o que tinha em si mesma.
‘O eu ideal... A versão mais legal de mim…’
Ela repetiu o conselho de Masachika em sua mente e imaginou a versão ideal de si mesma. Alguém legal seria como a Sayaka era há alguns momentos, quando ela fez seu discurso. Mas ainda mais do que ela...
‘Sim... O que ele estava fazendo de novo naquele dia? Tente se lembrar de como ele era naquela época. Ele era mais legal do que qualquer outra pessoa... Ah, certo. Era assim que ele era.’
Ela conhecia seu eu ideal. Tudo o que tinha de fazer agora era representar o papel. Alisa subiu ao pódio, examinou lentamente o público e então... sorriu.
Seu sorriso causou uma leve comoção na multidão. Alguns foram pegos de surpresa, outros ficaram genuinamente surpresos e um observador surpreso até reconheceu o sorriso familiar de um certo jovem no dela.
"Boa tarde. Eu sou Alisa Kujou, contadora do conselho estudantil. Representarei o conselho estudantil hoje com meu contra-argumento."
Ela se curvou de forma um tanto teatral. Ela estava confiante. Era destemida, como se estivesse mais preocupada com seu oponente do que consigo mesma. Todos na plateia perceberam imediatamente o verdadeiro motivo pelo qual ela havia ficado em silêncio durante as perguntas e respostas. Foi porque ela não precisava. A opinião do público sobre ela mudou em um piscar de olhos, pois sua saudação provocativa não era o que se esperava de uma "princesa solitária".
"Agora, eu entendo que a Senhorita Taniyama sugeriu que exigíssemos recomendações dos professores para melhorar nosso conselho estudantil, mas acredito que fazer isso seria totalmente o oposto. Exigir recomendações de professores prejudicaria completamente o conselho estudantil. Por quê? Porque isso tiraria do presidente e do vice-presidente do grêmio estudantil o poder de nomeação e eles são a base do grêmio."
O público foi cativado pela refutação direta de Alisa, quer gostassem ou não.
"Os cargos mais cobiçados e respeitados do conselho estudantil são o de presidente e vice-presidente e eles são eleitos pelos alunos, além de receberem vários direitos, porque conquistaram seus cargos derrotando a concorrência em uma eleição exaustiva. Pode-se dizer que o poder de nomeação é o direito mais valioso concedido a eles. Entregar esse direito a um professor, ainda que parcialmente, não é diferente de admitir que você não consegue manter a dignidade sem a ajuda de seus professores."
As afirmações de Alisa repercutiram por todo o auditório. Algumas pessoas na plateia ficaram de queixo caído de admiração ao ver sua aparência digna e bonita no palco, enquanto outras grunhiam com profundo interesse ao ver como ela estava confiante. O clima em todo o local havia mudado em poucos minutos, mas a própria Alisa não percebeu, pois continuou a transmitir suas ideias com eloquência.
"Os alunos deste lugar valorizam muito sua autonomia e é exatamente por isso que o conselho estudantil tem um poder discricionário considerável. O presidente e o vice-presidente são especiais exatamente porque podem decidir livremente quem entra para o grêmio estudantil. Mas o que aconteceria se exigirmos recomendações dos professores ao selecionar novos membros? O presidente e o vice-presidente provavelmente não poderiam mais selecionar livremente aqueles que considerassem melhores para o cargo. Eles provavelmente perderiam o direito de recusar os alunos que os professores mais favorecem. Em outras palavras, o poder de autoridade seria mais ou menos entregue aos nossos professores. A maior parte do trabalho realizado no grêmio estudantil seria feita pelos alunos que eles favorecem. Isso parece muito diferente do que o conselho estudantil deveria ser, se você quer saber."
Masachika podia sentir que as pessoas que estavam originalmente inclinadas à opinião de Sayaka começavam a duvidar de si mesmas.
‘Perfeito. Ela está relaxada e dizendo tudo o que quer.’
Ele suspirou aliviado ao ver como ela estava confiante e articulada. Sinceramente, ela estava se saindo melhor do que ele imaginava. Ele esperava que ela fosse um pouco estranha depois de ver como ela estava nervosa até alguns minutos atrás, mas ela não teria mais problemas.
Sayaka está argumentando que o conselho estudantil melhoraria se apenas a elite fosse permitida, enquanto Alya está argumentando que o presidente e o vice-presidente devem manter seus poderes de nomeação, já que isso protegeria o que o conselho estudantil representa. Afinal, essas pessoas foram eleitas pelos alunos por um motivo. De qualquer forma, as duas têm razão, e eu diria que, no momento, elas estão provavelmente empatadas...
Ele estava observando Alisa com evidente satisfação quando, de repente, sentiu um olhar penetrante vindo de sua esquerda e olhou para trás. Era Sayaka. Seus olhos afiados por trás dos óculos pareciam estar dizendo: "Você estava por trás de tudo isso, não estava?"
‘Não, Sayaka. Isso é tudo por conta da Alya. Essas são as palavras dela.’
Masachika não deu a Alisa um único argumento de sua autoria. Ele também não colocou uma única ideia em sua mente. Tudo o que ele fez foi prever o que Sayaka iria argumentar. Embora Alisa tenha baseado seu argumento na previsão dele, tudo que era dito vinha 100% dela.
‘Eu não sou sua adversária. Alya que é…’
Quando ele olhou de volta para Sayaka com sua força de vontade, o argumento de Alisa chegou ao fim, que foi imediatamente seguido pelas perguntas e respostas.
"Você mencionou que o presidente e o vice-presidente do conselho estudantil detêm o poder de nomeação, mas minha pesquisa provou que, nos últimos anos, todos que pediram para se tornar membros do conselho estudantil foram transformados em membros. O que você acha disso?"
"Há algum problema com isso? Não houve nenhum problema até agora. Mesmo que surja um problema, o presidente pode cuidar dele ou remover o aluno do conselho. Afinal, essa é uma das responsabilidades do presidente."
Sayaka deve ter acreditado que Alisa cometeria um deslize se Masachika tivesse preparado todo o argumento para ela, mas Alisa não pestanejou.
"Há pessoas na associação de ex-alunos que acreditam que a qualidade do conselho estudantil tem diminuído ultimamente, e é por isso que acredito que as recomendações dos professores devem ser um requisito. O que você acha disso?"
"Acho que o presidente e o vice-presidente devem ser os responsáveis por essa decisão. Reconhecer sua inadequação e pedir ajuda a um professor é uma opção, mas isso não é algo que devemos decidir."
Sayaka estava gradualmente perdendo a confiança. Seus argumentos estavam se tornando menos lógicos com o passar do tempo, talvez porque ela tenha sido pega de surpresa pela habilidade de seu oponente.
‘Você foi derrotada porque subestimou seu oponente. Porque estava perseguindo minha sombra sem sequer olhar para Alya. Ela era sua adversária, não eu.’
Masachika nunca planejou lutar contra Sayaka. Ele ouviu os argumentos de Alisa antes do debate, reconheceu que ela tinha uma boa chance de vencer e decidiu deixá-la lidar com a situação como quisesse.
O oponente de Masachika não era Sayaka. A pessoa em quem ele precisava se concentrar era...
‘Então, o que ela vai fazer?’
Ele desviou o olhar para Nonoa, que estava ao lado de Sayaka. Até mesmo Nonoa, que estava agindo como se isso não tivesse nada a ver com ela até agora, estava silenciosamente olhando de volta para ele. Ela então fechou os olhos e acenou para ele como se quisesse se desculpar por algo antes de enfiar a mão no bolso da saia.
"...?"
A mudança foi gradual. No início era um farfalhar muito fraco, que lentamente começou a se espalhar pelo auditório. Não demorou muito para que você pudesse ouvir as palavras "estudante transferido" e "forasteiro" se forçasse seus ouvidos, enquanto aplausos e apoio à Sayaka começaram a vir simultaneamente da platéia também.
‘Tsk! Ela realmente conseguiu. Plantas. E não do tipo verde. Estou falando de células adormecidas.’
Ela estava manipulando o público. Era uma estratégia que somente alguém com uma rede de contatos na escola tão grande quanto a de Nonoa poderia usar. Havia mais do que alguns alunos na escola que acreditavam ser melhores do que os outros, talvez por terem nascido em famílias ricas. Portanto, a impressão que tinham de Sayaka, filha do CEO de uma grande empresa, era muito diferente de como viam uma aluna transferida que vinha de uma família de classe média como Alisa. Os apoiadores que Nonoa havia colocado na plateia estavam tentando despertar a frustração desses alunos, o que tinha uma grande chance de levá-los a votar na Sayaka com base na emoção e não na lógica.
Mas havia um problema ainda maior do que esse no momento.
"Ah..."
De repente, Alisa notou o público à sua frente. Ela só tinha conseguido manter a cabeça fria até agora porque estava concentrada apenas em si mesma, e isso agora estava vacilando. Era dolorosamente óbvio, mesmo por trás, que seu corpo havia ficado tenso de repente.
O barulho na plateia ficou mais alto depois que Alisa se calou de repente. Quanto mais ela entrava em pânico e tentava dizer alguma coisa, mais difícil era para ela tirar as palavras da boca.
‘Tenho que dizer algo... Espere. O que eu ia dizer de novo?... Qual era a pergunta? Tenho que me apressar... Mas o que devo...’
No momento em que sua ansiedade estava chegando ao auge e ela estava começando a entrar em pânico, uma mão gentil de repente lhe deu um tapinha nas costas.
"Bom trabalho. Eu cuidarei do resto."
Ela virou a cabeça para encontrar a pessoa com quem podia contar mais do que qualquer outra neste mundo. Masachika estava ao seu lado, atrás do pódio, e pegou o microfone com um sorriso.
"Peço desculpas por interromper, mas vou assumir o comando a partir daqui. Minha parceira está falando há tanto tempo que parece que ela machucou a garganta. Você não teria forçado a voz se não ficasse tão quieta o tempo todo.", brincou ele enquanto olhava para Alisa.
Ela imediatamente fez beicinho e a platéia caiu na gargalhada. Depois de aliviar o clima, Masachika decidiu que era hora de tirar o ás da manga.
‘Eu gostaria que tivéssemos vencido com base na lógica de nossos argumentos, mas se eles vão tentar usar a emoção para influenciar o público, eu também vou tentar.’
Ele não queria fazer isso, mas não tinha outra escolha. Ele havia feito uma promessa a Alisa. Ele havia dito a ela que cuidaria das coisas se ela se encontrasse em apuros e era por isso que… ele iria destruir tudo, sorrindo a cada segundo do caminho.
"De qualquer forma, eu realmente quero começar a encerrar as coisas, pois não quero que meu parceiro fique com dor de garganta amanhã. Quero dizer, há realmente mais alguma coisa que precisamos discutir?"
Como sua pergunta abrupta fez com que a plateia se agitasse, ele imediatamente seguiu com outro ataque.
"Tenho certeza de que esse debate já foi resolvido há um mês, de qualquer forma."
Depois de observar as expressões perplexas do público, ele rapidamente levantou a mão direita no ar antes de abaixá-la na direção de Touya.
"Acredito que todos já se decidiram quando escolheram Touya Kenzaki para ser o presidente do conselho estudantil".
Todos os olhos estavam voltados para Touya, que estava claramente assustado por ter sido nomeado do nada.
"Como todos sabem, ele era um zé-ninguém e um aluno com baixo desempenho até um ano atrás. Na verdade, vou dizer isso abertamente! Ele era um perdedor desajeitado e socialmente inepto! Palavras dele, não minhas. Não havia como ele receber uma recomendação de um professor!"
"Ei?!" Touya inconscientemente gritou com um meio sorriso, fazendo com que a multidão caísse na gargalhada. Masachika prontamente acrescentou:
"Mas ele se esforçou muito. Ele se esforçou o máximo que pôde para fazer parte do conselho estudantil. Suas notas melhoraram, ele se tornou um homem melhor e acabou até mesmo conquistando a famosa Donna! Com certeza, não há uma única pessoa aqui que não tenha se inspirado por sua história. Um aluno de baixo desempenho e socialmente inepto se transformou no carismático presidente do conselho estudantil que todos conhecem hoje. Como não torcer por um homem assim?!"
Masachika falou febrilmente com as mãos e o corpo antes de fazer uma breve pausa para observar o público e, quando todos os olhos estavam voltados para ele, concluiu calmamente:
"Touya Kenzaki conseguiu se tornar o presidente do conselho estudantil devido ao sistema que temos em vigor. Um sistema que permite que qualquer pessoa se torne membro do conselho estudantil, desde que tenha paixão. Portanto, devo perguntar a todos vocês mais uma vez: Há realmente mais alguma coisa que precisamos discutir?"
Ninguém lhe respondeu. Até mesmo Sayaka e Nonoa ficaram completamente em silêncio. Masachika, então, suspirou antes de falar
"Mmm... Fiquei um pouco surpreso por ser subitamente arrastado para o debate dessa maneira, mas, de qualquer forma, gostaria de passar para os argumentos finais se não houver mais perguntas. Tudo bem, Senhorita Taniyama?" Touya assumiu o controle do palco mais uma vez.
Masachika viu Sayaka se levantar silenciosamente de sua cadeira, então colocou a mão nas costas de Alisa e a cutucou para que voltasse ao seu lugar. Mas no momento em que elas saíram do pódio, Nonoa gritou:
"Mas o que... Saya?!"
Quando Masachika olhou na direção delas, Sayaka já estava saindo apressadamente pela ala. Ele foi pego de surpresa e o breve vislumbre da expressão dela o fez congelar. Foi Alisa quem acabou correndo atrás dela, desaparecendo também na ala. Houve um alvoroço. Nunca os dois debatedores haviam saído no meio do caminho dessa maneira. Em meio à confusão e ao caos, Nonoa coçou a cabeça, depois se levantou e caminhou rapidamente em direção ao centro do palco.
"Desculpe por tudo isso.", disse ela a Masachika antes de se posicionar no pódio. "Nós desistimos", declarou ela enquanto levantava as duas mãos para o ar. A rendição sem precedentes foi seguida por um breve silêncio e, em seguida, sussurros confusos começaram a se espalhar pelo auditório. Em pouco tempo, Touya conseguiu falar e reagir, embora em um estado um tanto confuso.
"Uh... Você está dizendo que deseja retirar a proposta da Senhorita Taniyama?"
"Ah, sim. Claro. Isso é totalmente cabível para mim. Eu realmente sinto muito pela minha garota Saya."
Depois que Nonoa fez uma reverência apologética, Touya limpou a garganta e declarou:
"Então é oficial. A proposta foi rejeitada. Obrigado a todos por terem vindo hoje."
O debate estudantil chegou ao fim, envolta em perplexidade.
"Muito obrigada, Masachika."
"De nada. Sempre pode contar comigo, Yuki."
‘Achei que eles eram o par ideal quando os vi naquele dia. Uma mulher de magnetismo pessoal e carisma avassalador e um homem de mérito que cuidava das coisas nos bastidores para apoiá-la. Eles tinham total confiança um no outro e um relacionamento comprometido. Sim... Eles confiavam um no outro mais do que em qualquer outra pessoa no mundo. Seu vínculo era inquebrável. É claro que eles venceriam. Foi por isso que senti admiração, espanto... e apenas um pouco de inveja quando me permiti desistir... E foi por isso que me senti traída quando vi aqueles dois. Por que você estava lá? Será que esse vínculo de vocês, pelo qual eu me esforçava e considerava sagrado acima de tudo, não passava de uma mentira? Minha admiração e respeito se transformaram em ódio. Eu queria fazer o que fosse preciso para separá-los e arruinar o relacionamento deles. E, no entanto... quando os vi lado a lado, fiquei comovido. Embora no passado ele tivesse ficado um passo atrás, nas sombras, agora ele estava ao lado de sua parceira... com uma expressão mais radiante e animada do que nunca. Como ele podia parecer tão feliz? Quem era essa garota ao seu lado agora? Eles nem sequer estavam namorando. E por que? Por que meu coração está doendo tanto?’
"Espere!"
Alisa finalmente alcançou Sayaka atrás do ginásio depois de sair correndo do auditório. Ela agarrou Sayaka pelo braço por trás e a deteve.
"Volte aqui. Não vou permitir que você fuja no meio do debate!"
As sobrancelhas de Alisa estavam arqueadas em fúria, mas Sayaka não respondeu, muito menos se virou.
"Diga alguma coisa!"
Mas no momento em que ela pisou na frente de Sayaka e viu seu rosto, ela soltou um suspiro agudo.
"Você está..."
A voz de Alisa tremeu em confusão enquanto Sayaka olhava ferozmente de volta através de suas lágrimas antes de derrubar violentamente a mão de Alisa.
"Por quê?! Por que você?!"
Sayaka gritou com uma raiva explosiva e Alisa ficou paralisada com tudo aquilo.
"O relacionamento de Masachika e Yuki era único! Por causa deles, eu... Eu... Consegui desistir! Diga-me por quê!?"
Lágrimas rolavam por suas bochechas furiosas e carmesim e, pelo modo como ela forçava a voz, sua garganta ficaria irritada mais tarde. Seus gritos estavam saturados de raiva, tristeza - emoções demais para listar, e foi então que Alisa de repente percebeu como Sayaka realmente se sentia, embora apenas vagamente.
"Você... Você está..."
Mas ela não conseguiu dizer mais nada depois disso. Durante todo esse tempo, ela acreditou que Sayaka estava fazendo tudo isso por maldade, mas era o contrário. Alisa não foi capaz de dizer mais nada quando percebeu que as intenções de Sayaka eram realmente boas. Alisa sempre agia dessa forma. Ela nunca conseguia pensar em algo interessante para dizer em momentos como esse. Ela não conseguia inspirar as pessoas. Era por isso que ela não tinha escolha a não ser aceitar tudo isso. Alisa decidiu, no mínimo, aceitar essas emoções intensas de Sayaka em nome de Masachika, porque acreditava que esse era seu papel e a única coisa que poderia fazer.
"Se você tem algo que quer me dizer... diga. Tudo."
Sayaka respondeu à exigência direta de Alisa com uma carranca cruel... então, de repente, ela abaixou a cabeça e exalou profundamente.
"Não tenho o direito de culpar ninguém além de mim mesma.", respondeu ela, com a voz trêmula.
Quando levantou a cabeça novamente, ela deu um sorriso vazio em meio às lágrimas.
"Sou uma idiota... Eu acreditava nele, o admirava e me senti traída, então descarreguei em vocês dois, mas... não foi nada mais do que meu ego assumindo o controle. Ninguém me induziu a isso além de mim mesmo. Ha-ha... "
Alisa não sabia como Sayaka se sentia, mas podia dizer que ela geralmente era uma pessoa muito racional. Ela deve ter ficado tão chocada que se perdeu em sua raiva. O fato de Masachika ter escolhido fazer parceria com Alisa e não com Yuki deve tê-la enojado.
"Ah, aí está você."
Era Nonoa caminhando pela esquina do ginásio.
"Você está uma bagunça... Desculpe por isso, Alisa. Deixe-me cuidar das coisas a partir de agora, ok? Tipo, tenho certeza de que Masachika está esperando por você, então pode voltar agora."
"Uh..."
"Está tudo bem. Não está?"
Embora preocupada com Sayaka, Alisa começou a caminhar de volta para o auditório, mas depois de alguns passos, ela se virou para encontrar Nonoa com o braço em volta do ombro de Sayaka e ela disse:
"Taniyama."
Embora Sayaka não tenha olhado para trás, Alisa continuou:
"Não sei por que Kuze me escolheu... mas não vou decepcioná-lo, então..."
Ela estava tendo dificuldade em colocar seus sentimentos em palavras e não sabia se isso era algo que deveria estar dizendo a Sayaka, mas, mesmo assim, ela colocou tudo o que tinha nisso.
"Então, vou continuar trabalhando duro até ganhar seu respeito também... Isso é tudo."
Nonoa observou Alisa se afastar rapidamente enquanto murmurava em silêncio.
"Ela é uma boa pessoa - aquela Alisa. Pensei que ela fosse muito mais distante e rude..."
"Não estou surpreso. Afinal, ele a escolheu", respondeu Sayaka com a voz chorosa.
Ela então olhou para cima e perguntou:
"O que aconteceu com o debate?"
"Hmm? Oh, eu disse a eles que nos rendemos. O público não pareceu muito feliz com isso, mas Masa e o presidente cuidaram do assunto."
"Ah... me desculpe. Parece que minhas ações também a incomodaram."
"Não se preocupe com isso. Você é minha melhor amiga e é isso que as melhores amigas fazem.", respondeu Nonoa com um leve sorriso enquanto tirava os óculos de Sayaka, a encarava e a segurava firmemente em seus braços. "Além disso, não é a primeira vez que isso acontece. Estou acostumada a vê-la chorar, gritar e sair correndo de repente. Ha-ha."
"Eu não..."
"Você quer mesmo. Quer que eu conte todas as suas birras que já sofri?"
Mas, ao contrário de suas palavras duras, Nonoa estava esfregando gentilmente as costas de Sayaka.
"Vamos nos desculpar com Kuze e Alisa quando tudo se acalmar. Eu vou com você, ok?"
Nonoa acrescentou como se estivesse tentando persuadir a si mesma também e Sayaka assentiu em silêncio enquanto Nonoa continuava a confortar sua amiga.
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