Em um quarto num determinado apartamento de um prédio. Naquele lugar que possui uma sensação de calma e tranquilidade, uma menina rolava em sua cama, fazendo um milhão de expressões faciais diferentes.
"Por que isso? Mas..."
Uma garota murmura para si mesma enquanto sua expressão facial muda incansavelmente de todos os modos. Esta, senhoras e senhores, é a dona deste quarto: Alisa Mikhailovna Kujou.
Ela ainda usava seu uniforme de colegial enquanto rolava de um lado para o outro em sua cama. Ela só havia tirado seu blazer, então sua camisa ainda estava ficando enrugada, mas ela não se importava. Era incomum para ela agir assim, mas hoje não foi um dia normal de qualquer maneira.
Ela estava pensando sobre o que aconteceu há 30 minutos atrás. No caminho de volta da escola, olhou-me nos olhos e estendeu sua mão para mim. A mão dele... As palavras vazaram por conta própria.
"Amo? Amo? Amor? Hã? Eh?"
As palavras saíram de sua boca quase inconscientemente. Ela se viu pensando em voz alta como uma enorme onda de emoções brotando em seu coração.
"Eu o Amo? Kuze-kun, eu... Ah!"
Ela se perguntou novamente, como se quisesse ter certeza. De imediato, seu rosto ficou vermelho e ela mergulhou em seu travesseiro.
"Não é isso! Não é como se eu estivesse..."
Com o rosto pressionado contra seu travesseiro, ela gritou em negação como se fosse um reflexo.
'Eu… apaixonada pelo Kuze-kun? Não! Não é tão simples assim!’
Não há como ela estar apaixonada por alguém tão preguiçoso, ela pensou ela. Ela até lhe disse isso na cara… em russo. Mesmo assim, ela estava apenas teimando em dizer coisas que não queria dizer. Entretanto, Masachika estava puxando os cordões do coração dela um de cada vez.
‘Ele está sempre um passo à minha frente. Nunca mostra seu nervosismo no rosto ou nunca percebe o que eu faço por ele. Ele é uma piada e, ainda assim, eu nunca poderia lhe dizer o que eu realmente queria dizer… Não há como eu amá-lo. Certo?’
Essa pergunta ricocheteia dentro de sua cabeça. Ela tentou se livrar do pensamento.
"Realmente. Eu não gosto de nada no Kuze-kun. Eu só... me entusiasmei um pouco com o calor do momento. Era só isso."
Ela se defendeu na frente de ninguém em particular, levantou-se e foi para o armário.
‘Mesmo que... É isso mesmo… Sim, mesmo se eu gostasse do Kuze-kun. Há coisas mais importantes a fazer, então…’
Ao mudar de uniforme, Alisa organizou mentalmente o que era mais importante para ela. Não havia necessidade sequer de pensar sobre isso. Seu objetivo, claramente, era tornar-se a presidente do conselho estudantil. Seria ridículo que ela deixasse de lado seu objetivo só por causa de um garoto tolo. Seria uma traição a ninguém menos que Masachika, que disse que faria tudo o que pudesse para apoiar o sonho de Alisa.
‘Sim... Já que tenho o apoio de Kuze-kun, então devo fazer tudo para corresponder às suas expectativas, certo? O que ele pensaria se eu jogasse fora toda a minha campanha e confessasse a ele?’
Ao se fazer essa pergunta, ela imaginou o rosto de Masachika.
"Se eu te amo? Não, eu sinto muito. Eu não quis dizer isso. Tava só querendo dizer que gosto de você… Sabe, platonicamente. Tipo, eu te apoio. Você me viu dessa maneira? Bem... Ddesculpe. Acho que também não posso ser vice-presidente de verdade."
Foi o que Masachika, em sua imaginação, lhe disse em um tom plano e desinteressado.
"O que!? Aaaaa!"
Ela levou um golpe crítico da sua própria imaginação e tropeçou em suas próprias palavras. Alisa cambaleou de volta para sua cama e desmaiou sobre ela. Alisa ficou um pouco imóvel, depois levantou um pouco a testa e começou a esbofetear seu cobertor.
"Eu não! Eu não me importo! Tudo em você! Eu não gosto disso! Eu não gosto!"
Ela bateu com a mão para baixo toda vez que disse uma palavra e respirou fundo.
‘De qualquer maneira, é Kuze-kun. No momento em que o vir na escola amanhã, ele vai me irritar com aquela atitude preguiçosa dele.’
Tudo o que eu disse até agora...
"Ghh!"
O pensamento disso a irritou impossivelmente de novo, então ela saiu da cama e fechou seu armário com um estrondo. Após isso, ouviu a porta da frente fechar e com as mãos nas bochechas coradas, ela se acalmou e foi cumprimentá-los.
"Bem-vinda de volta, Masha."
"Estou em casa, Alya-chan."
"Hm?"
Maria sorriu suavemente como de costume, abraçou os ombros de Alisa com seu braço livre e beijou ambas as bochechas. Mas ela estava se movendo como se estivesse distraída e parecia estar se distanciando.
"Maria... O que está acontecendo?"
"Hã? O que você quer dizer?"
"'O que quero dizer?"
Alisa não conseguiu encontrar as palavras para explicar o que ela queria dizer. Maria olhou para Alisa de uma maneira um pouco estranha, mas de repente tirou um animal de pelúcia do saco plástico e sorriu.
"Certo, certo, é isso mesmo! Na verdade, eu... conheci alguém que é muito simpático!"
Um gato de pelúcia apareceu de repente na frente de Alisa, que foi surpreendida pela alegria que Maria teve de repente.
"Tada! Alya-nyan!"
"Alya-nyan? Que?"
"Olha, olha! Não é parecida com você?"
"Qual parte?"
Alisa deu um passo para trás e olhou para o animal de pelúcia. Ela não pôde deixar de perguntar com uma cara séria.
"Aff! É essa sua expressão"
"Os bichinhos de pelúcia não têm expressões..."
"Eles fazem… Veja."
"Ahh, sim, eu entendi… Só não me chame assim."
"Hã?"
"Sinto-me desconfortável em ser chamado assim."
"Uhhhh, então que tal... A-nyan?"
"Bem, isso é..."
"Ae! Então, devo te levar para o quarto, Alya-nyan?"
Maria abraçou o bicho de pelúcia em seu peito com um sorriso feliz e foi para seu quarto. Enquanto Alisa ainda estava em frente à porta com uma expressão estupefata, Maria de repente parou e gritou para ela.
"Certo, Alya-chan, estou falando de Kuze-kun..."
"Hein!?"
O nome da pessoa em quem Alisa estava pensando pouco antes de ser chamada, então ela imediatamente levantou a guarda. Maria continuou com uma voz alegre e Alisa não conseguia dizer se tinha sido pega.
"Calma, eu só pensava que ele era um garoto muito legal. Posso ver porque você gosta tanto dele..."
"Estou lhe dizendo, eu não gosto dele."
"Sério?"
"Você é persistente."
Como se tentasse esconder seus pensamentos dispersos, Alisa soltou um suspiro pesado e, imediatamente depois, ofegou quando viu o olhar de Maria sobre seu ombro. Isso porque, ao contrário de sua voz alegre de pouco antes, seus olhos tinham uma seriedade assustadora. Logo, porém, aqueles olhos assustadores foram novamente substituídos por seu rosto sorridente habitual.
"Sim, tô vendo..."
"O que?"
"Oh, estou vendo… Alya-chan é fofinha quando não é honesta consigo mesma."
"Ma- Como é?"
"Só que se você gosta dele, é melhor confessar logo. Será tarde demais quando outra pessoa o tiver levado."
"Do que você está falando?"
"É a juventude..."
Maria, não convencida pelas palavras de Alisa, respondeu com uma risada ao entrar em seu quarto.
"Realmente, que coisa..."
Alisa tinha um olhar de reprovação em seu rosto, pois não conseguia acompanhar o ritmo de sua irmã.
Ela tentou não se preocupar com isso e voltou para o seu próprio quarto. Entretanto, por mais que ela tentasse, ela simplesmente não conseguia tirar o olhar assustador e sério de Maria de sua cabeça.
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